O Essencial Que Podemos e Devemos Fazer
- Marx Gabriel
- há 4 horas
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Um tempo que nos chama para fora
Vivemos num tempo em que tudo nos chama para fora: política, conflitos, redes sociais, distrações, crises globais. Somos constantemente empurrados a tomar posição, a reagir, a comentar, a nos indignar com tudo o que acontece — mesmo aquilo sobre o qual não temos qualquer influência prática.
Somos instigados a consumir discussões, a polemizar, a torcer, a nos perder. Como se o nosso valor estivesse na nossa opinião sobre tudo — e não na transformação concreta que promovemos ao nosso redor.
Mas é preciso fazer uma pausa. Respirar fundo. E perguntar com seriedade:
O que, de fato, depende de mim? O que está sob meu poder? O que posso e devo fazer?
Não se trata de omissão, nem de indiferença. Não estou falando de desistir de lutar — estou falando de escolher bem a luta.
Porque há lutas que nos constroem. E outras que nos consomem. Há combates que transformam o mundo — e outros que apenas drenam nossa alma.
Não temos o direito de desperdiçar energia com o que está fora do nosso raio de ação, enquanto negligenciamos aquilo que, sim, depende da nossa decisão, da nossa atitude, da nossa presença.
Se você tem uma empresa, foque nela.
Se tem um trabalho, aperfeiçoe-o.
Se tem uma equipe, sirva-a.
Se tem um ofício, honre-o.
O mundo precisa menos de indignação e mais de excelência. Menos de crítica e mais de ação real. Menos de vaidade e mais de coerência.
A sua empresa, o seu projeto, a sua carreira, a sua família — precisam do seu melhor agora.
Não amanhã, quando tudo estiver ideal. Mas hoje: com os recursos que tem, com os desafios que enfrenta, com a lucidez que já conquistou.
E o seu melhor começa por um movimento interior: invista em autoconhecimento.
Não existe crescimento duradouro sem mergulho pessoal.
Conheça-se.
Identifique suas dores, seus padrões, seus traumas, suas luzes, suas sombras. Descubra o que te sabota. Amplie o que te fortalece.
Aprenda a silenciar o ego e ouvir a consciência.
É no silêncio interior que surgem as respostas mais verdadeiras. E é nesse silêncio que nos aproximamos do sagrado.
Mais cedo ou mais tarde, todo autoconhecimento profundo nos leva à espiritualidade.
Ao percebermos o quão frágeis e passageiros somos, começamos a buscar sentido, transcendência, conexão com o que nos ultrapassa.
Voltar-se a Deus — ou à dimensão sagrada da existência — não é fraqueza. É maturidade.
É compreender que não estamos aqui apenas para acumular títulos, bens ou seguidores — mas para educar a alma, praticar o bem, servir com propósito.
E nesse ponto, surge uma outra escolha urgente:
Concentrar-se menos em TER e mais em SER.
Vivemos intoxicados por uma cultura de acúmulo — como se a identidade humana estivesse no saldo bancário, nos bens possuídos, no tamanho da casa, no carro, no relógio ou nas roupas que usamos.
Mas não é o que temos que define quem somos. É o que damos. É o que oferecemos. É o que cultivamos no coração.
Precisamos ser mais humanos.
Mais caridosos. Mais carinhosos.
Mais empáticos. Mais bondosos.
Mais atentos ao outro. Mais sensíveis ao sofrimento alheio.
Mais comprometidos com aquilo que não se compra: caráter, afeto, presença, compaixão.
Ser bom, em um mundo que nos convida a competir, já é um ato de coragem.
E viver de acordo com os próprios valores morais é o mais nobre projeto de existência.
Nesse ponto, lembro da sabedoria antiga de Aristóteles, que afirmava que a virtude está no meio — entre o excesso e a falta.
Coragem, por exemplo, é o equilíbrio entre a covardia e a imprudência. Generosidade, entre a avareza e o desperdício.
Moderação, entre a insensibilidade e o prazer desenfreado.
Esse “meio virtuoso” não é passividade. É o ponto firme entre os extremos, o lugar do discernimento, da razão e da verdadeira força. É nele que floresce a alma equilibrada. E é desse equilíbrio — dentro de nós e na vida — que brota a verdadeira paz.
Em um mundo cada vez mais agitado, polarizado e hostil, buscar esse centro não é luxo. É sobrevivência da consciência.
Ser gentil quando ninguém está olhando. Trabalhar com integridade mesmo quando seria mais fácil trapacear. Dizer a verdade mesmo que ela custe. Escolher o certo mesmo que doa. Valorizar o tempo com quem se ama. Olhar nos olhos. Dizer “bom dia”. Pedir perdão. Ouvir com atenção. Cumprir a palavra.
Pequenas atitudes. Enormes consequências.
Sim, estamos morrendo um pouco a cada dia. O relógio do tempo não para.
E a pergunta que precisa ecoar em nós é:
O que estamos fazendo com o tempo que ainda temos?
No tempo que me resta, escolho trabalhar com honestidade, amar com presença, servir com alegria, estudar com humildade, viver com consciência, aproximar-me de Deus com confiança.
Não tenho mais tempo para aquilo que não me toca e não enriquece a alma.
Sei que cada um tem sua jornada. Fiz a minha escolha.
Desejo, de coração, que você também faça a sua — e que ela seja fiel à sua essência, ao seu propósito, à sua alma.
Que vivamos o que podemos
Que façamos o que devemos.
Que deixemos o mundo um pouco melhor do que o encontramos.
Que o nosso caráter nos guie.
E que Deus nos abençoe.
Marx Alexandre C. Gabriel
Pai, avô, marido, filho, consultor de empresas, pecuarista e peregrino do Camino de Santiago, segue firme na jornada de se tornar um cristão autêntico.