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A HISTÓRIA

Atualizado: 21 de jul.

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“Pare o mundo que eu quero descer!”
“Vem meteoro…”

Ouço isso o tempo todo. E creio que você também.


Mas… está tudo tão fora de lugar hoje como nunca antes?


Não. Não está.


O que ocorre é que, como estamos vivendo a história, perdemos a perspectiva de olhar do alto e somos completamente afetados pelos nossos sentimentos — muitos deles, de desespero.


Vejamos o Brasil. 


Difícil negar que haja um contexto de censura, quebra dos valores constitucionais e de bagunça institucional.


Mas já houve momentos muito piores.


O grande e virtuoso Imperador Dom Pedro II foi deposto num golpe de Estado pelos escravocratas, inconformados com a promulgação da Lei Áurea, em 1888. Seu amigo e comandante das forças militares, Marechal Deodoro da Fonseca, foi quem o traiu covardemente. De um dia para o outro, depusemos talvez o maior estadista das Américas de todos os tempos e o enviamos ao exílio sumário. Mas tem gente achando que a perseguição ao ex-presidente Bolsonaro é o maior clímax já ocorrido contra um líder brasileiro… 


Adoramos falar em “ditadura militar” e, agora recentemente, em “ditadura da toga”. Mas fingimos que esquecemos a ditadura de Getúlio Vargas, que governou com mão de ferro por 15 anos (de 1930 a 1945), centralizando poderes, cassando direitos e perseguindo adversários. O mesmo Vargas que, depois, voltaria eleito pelo voto direto e terminaria sua vida com um tiro no peito, acuado pela imprensa e por seus próprios aliados, devido ao que não conseguia explicar de suas ações. 


Hoje nos revoltamos com a polarização política. Mas em 1954, Getúlio se suicidou no Palácio do Catete, pressionado por uma crise violenta e um país em convulsão. 

Em 1961, Jânio Quadros renunciou após sete meses de governo, citando “forças ocultas”. 

Em 1992, Fernando Collor, primeiro presidente eleito após a redemocratização, renunciou para evitar o impeachment, após denúncias feitas por seu próprio irmão.

  

E quanto à democracia? Já tivemos Senado dissolvido, governadores cassados, eleições fraudadas e até presidente impedido de tomar posse, como Júlio Prestes em 1930. 


Falamos muito em justiça social — com razão. Mas esquecemos que o Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão, e isso só em 1888. Foram mais de 300 anos tratando seres humanos como mercadoria. 


Ficamos horrorizados com crimes de feminicídio — e devemos. Mas em 1979, Doca Street assassinou Ângela Diniz com quatro tiros e foi absolvido no primeiro julgamento, sob a alegação de “legítima defesa da honra”. 


E você sabia que até 1932, mulheres sequer podiam votar no Brasil? 


No mundo, o cenário não é diferente


Hoje nos espantamos com terrorismo e guerras no Oriente Médio. Legítimo. Mas é preciso lembrar do Genocídio Armênio, cometido pelos turcos otomanos a partir de 1915, quando cerca de 1,5 milhão de armênios foram massacrados. E também dos curdos, perseguidos até hoje em diversos países sem nunca terem tido um Estado reconhecido. 


E o que dizer de Idi Amin Dada, ditador de Uganda que, entre 1971 e 1979, exterminou mais de 300 mil compatriotas, enquanto comia caviar e exibia cabeças em jarros?


E do Rei Leopoldo II da Bélgica, que transformou o Congo em sua fazenda de horrores entre 1885 e 1908, matando mais de 10 milhões de africanos a chicote e fogo, sob o silêncio da Europa civilizada?


O horror não para aí.


O regime comunista de Stálin provocou o Holodomor na Ucrânia, em 1932–33, matando 4 milhões de pessoas de fome de forma planejada. 

Pol Pot, no Camboja, entre 1975 e 1979, exterminou 2 milhões de cidadãos por “crimes” como usar óculos ou saber ler. 

Na China de Mao, o “Grande Salto Adiante” e a Revolução Cultural causaram a morte de mais de 45 milhões de pessoas. 


E como não falar do Holocausto? 

Entre 1939 e 1945, o regime nazista de Adolf Hitler exterminou sistematicamente 6 milhões de judeus, além de ciganos, homossexuais, deficientes físicos e mentais, testemunhas de Jeová e opositores políticos. 

Não foi uma explosão de ódio. Foi um projeto racional e metódico de extermínio. Campos de concentração, câmaras de gás, trens lotados de seres humanos tratados como lixo. Tudo isso, há menos de um século. Tudo isso, no coração da civilizada Europa.


Chocante? Pois saiba que até 1965, o racismo era legal nos Estados Unidos, com segregação explícita, linchamentos e leis que impediam negros de frequentar as mesmas escolas ou casar com brancos. 

Até 1994, vigorava o apartheid na África do Sul. 

E até 2018, mulheres na Arábia Saudita não podiam sequer dirigir um carro.


Na Irlanda, mulheres grávidas fora do casamento eram trancadas em conventos e obrigadas a trabalhar como prisioneiras. Isso aconteceu até 1996.


Falamos hoje em liberdade de expressão. E devemos defendê-la com vigor.


Mas o mundo que hoje clama por justiça já caçou intelectuais, matou pensadores, censurou livros, condenou a ciência e apedrejou a verdade, por séculos — inclusive sob o nome de religião ou moral.


  

Usei poucos exemplos. Mas são profundamente representativos da história.

  

Por mais difícil que seja evitar o sequestro emocional que nos assalta quando vivemos a história, não podemos permitir que isso nos roube a sabedoria e o discernimento. 


Sei que nesses tempos líquidos, onde vídeos precisam ter menos de dois minutos, palestras oito minutos e textos não podem passar de um carrossel de Instagram, dizer que nunca foi tão importante o estudo sério da história parece uma heresia ou loucura.

 

Mas é exatamente o que eu penso.

  

O que cura a ignorância nunca foi dinheiro, ideologia ou poder.

  

O que cura a ignorância é um espírito inconformado, sedento de verdade e sabedoria.


Como vamos nos sair enquanto sociedade, nesses tempos cinzas?


Estudem a história. A resposta está lá.


Marx Alexandre C. Gabriel

Consultor de Empresas, Diretor da MB Consultoria, Conselheiro de Administração, Pecuarista, Mestre em Administração de Empresas, Pós-graduado em Agronegócio, autor do livro “Direto ao Ponto”. 

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