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As Empresas e o Ano de 2023



"Como consultor de empresas e conselheiro administrativo há quase 30 anos, o que mais tenho recebido desde os últimos dois meses do ano passado é o pedido para dar a minha opinião sobre o que seria o ano de 2023 para o Brasil. Uma pergunta que considero tão retórica, pois os empresários sabem o que vai ser o ano para a economia brasileira. Na verdade, o que eles querem perguntar (e na sequência da primeira eles fazem) é:


  • O que fazer frente ao cenário?


A ideia deste artigo vai expor o que tenho respondido aos meus clientes de consultoria de gestão e nos conselhos de administração em que faço parte.



 

Cenário Econômico



As melhores previsões atuais de crescimento do PIB brasileiro em 2023 estão na ordem de 0,7 %. Claro que ainda estamos em janeiro e obtivemos, nessas poucas semanas, uma deterioração rápida das perspectivas para a economia com base nas possíveis frentes do novo governo que já provou não ter nenhum compromisso com equilíbrio fiscal e uma visão atrasada em relação ao papel do estado na economia. Tudo aponta para um ano de crescimento zero ou negativo, com uma combinação de recessão com juros altos, gerando alta inflação. A consequência será o aumento do desemprego por falta de demanda e pelos ajustes que serão necessários, enquanto no serviço público teremos aumento de salários, mais concursos, mais ministérios, etc. Para tentar cobrir a farra de gastos, o novo governo aumentará os impostos no setor produtivo e dos que mais contribuem. O cenário econômico não será uma onda a favor das empresas, muito pelo contrário, será um tsunami de desafios para as organizações privadas. Quais os caminhos? Frente ao cenário econômico creio que os empresários podem pensar em alguns caminhos.



 

Retração e Enxugamento



Como em outras crises que vivemos, muitos empresários pensam em tomar o caminho da retração das suas atividades e enxugamento de sua estrutura e recursos. Isso pode ser necessário para algumas empresas de alguns setores, mas este, ao meu ver, longe de ser a melhor decisão para a maioria. Em modo de preparar tudo e cortar, a empresa reduz musculatura e cérebro, perde seus melhores colaboradores, deteriora a qualidade dos seus processos, reduz os serviços prestados aos seus clientes e, claro, perde receita e rentabilidade. Teremos um deserto pela frente na economia brasileira. Dois anos? Quatro? Hoje não sabemos. Quando a empresa para de investir na sua equipe, de treinar e qualificar seus líderes e gestores, de modernizar a sua gestão, os seus melhores cérebros ficam dispostos a sair e buscar recolocação em empresas que ainda tem perspectivas de evolução. Para atravessar um deserto precisa-se de foça, união e energia! Apesar de ser tentador tomar este rumo, considero ser o fator de maior risco e probabilidade de fracasso. A crise vai gerar também oportunidades. Muitas empresas vão fechar e abrir lacunas para ocupação dos seus espaços. Também haverá queda de preços dos ativos. Quem tiver capital e estrutura de gestor robusta e capaz, pode ter muito sucesso no crescimento e expansivo de suas empresas num período em que a maioria luta para sobreviver. Mas esta opinião é para poucos.



 

Eficiência e Produtividade



Frente a um cenário externo extremamente adverso com redução de demanda, aumento do endividamento das famílias, desemprego, temos que contar com as nossas próprias forças para sobreviver ao inverno (que já disse, pode ser longo!) e ainda chegar mais forte na primavera, quando esta, enfim, vier. Assim, minha recomendação é que as empresas optem pelo caminho de melhorar a sua eficiência e produtividade em todos os seus processos. Hora de rever toda a jornada do cliente para ver onde podemos fazer mais com menos recursos e mantendo a qualidade da entrega de produtos e serviços. Momento de passar a limpo os principais processos da empresa, incluindo compras, armazenagem, logística, recursos humanos, vendas, distribuição, pós-venda, contas a receber, contas a pagar, fiscal, controladoria etc. Em cada um desses processos há oportunidades de fazer mais com menos. Seja reduzindo os recursos e mantendo os resultados ou otimizando os ganhos de cada um.

Se por exemplo, temos um giro de estoque de 6x ano, ou seja, estoque de 2 meses, com uma melhor previsão de demanda, otimização do lead time, podemos, sem muitas dificuldades, chegar em 45 dias de estoque, o que resulta numa otimização de 25 %, dinheiro que vai direto para o caixa. Há projetos que as organizações sabem que precisam, serão importantes para o futuro, mas, como não são urgentes, sempre ficam em segundo plano quando o mercado está favorável. Como por exemplo a implementação de um ERP moderno, digitalizado dos processos internos, integração de sistemas, normas e procedimentos, mapeamento de competências, desenvolvimento de novas lideranças, implantação da ISO 9001/14001, governança corporativa etc., que são extremamente fundamentais para o crescimento da empresa e que, nos momentos em que o mercado não ajuda, podem e devem receber atenção, apoio e energia das empresas neste momento. São projetos assim que vão trazer musculatura para a empresa atravessar o inverno e chegar na primavera mais forte e preparada para saltos maiores.



Também é hora de separar o joio do trigo na equipe. Quem não estiver plenamente consciente de que neste momento do país, manter o emprego deve ser uma de suas principais prioridades, se tornar um peso para as empresas.

Portanto é momento de reduzir a tolerância com pessoas medianamente comprometidas com o resultado e desenvolver e promover as que realmente tem comportamento de dono na empresa.


Último momento para alinhar toda a empresa em um jeito de gerir e liderar que seja padrão em todos os níveis de gestão. Isso contribui diretamente para que os resultados sejam atingidos num nível de alta performance.

As empresas que fizerem o dever de casa e focarem na otimização de sua gestão, com disciplina na execução, não somente para sobreviver nesses tempos difíceis, como também se estruturar para aproveitar as oportunidades no presente e no futuro.


A Decisão de qual caminho tomar sempre será do empresário ou de seu presidente. Cenário como o atual formam os líderes a se provarem capazes de navegar na tormenta e chegar em terra firme. E os melhores líderes fazem isso com firmeza de propósitos, coragem, suor, inteligência e com alta disciplina."



 

Marx Gabriel

É o CEO da MB Consultoria, Conselheiro de Administração de Empresas CCA+ pelo IBGC e autor do livro "Direto ao Ponto", publicado pela editoraAlta Books.



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