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O Papel do Líder na Gestão com Inteligência Artificial

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A Inteligência Artificial deixou de ser promessa tecnológica para se tornar parte incontornável do presente. Pesquisas recentes com CEOs e executivos brasileiros indicam que 82% consideram a IA essencial, 67% das organizações já priorizam sua adoção e 45% acreditam que a IA ocupará posição autônoma em conselhos de administração. A transformação não é mais opcional; ela já está em curso, e a liderança é convocada a agir.

 

Ao mesmo tempo, o Brasil vive um paradoxo: enquanto a tecnologia avança, a resistência humana e cultural é apontada como um dos principais entraves para sua implementação eficaz. Medo de substituição, falta de compreensão, receio do desconhecido e escassez de profissionais especializados alimentam um ambiente de hesitação que compromete a competitividade das organizações.


É exatamente nesse contexto que o papel do líder se torna decisivo.


1. Inovação sempre gerou medo — mas ampliou a humanidade


Ao longo da história, grandes avanços tecnológicos despertaram inquietação: roda, fogo, escrita, imprensa, energia elétrica, avião, internet, celular. Ainda assim, todas essas inovações ampliaram a vida humana.


Os dados globais são eloquentes:


  • Expectativa de vida cresceu mais de 130% em pouco mais de um século;

  • Escolaridade média multiplicou-se várias vezes em menos de 150 anos;

  • Mortalidade infantil despencou em diversos países, salvando milhões de vidas.


A conclusão é clara:

a inovação não destruiu a humanidade — ela a expandiu.


A mesma lógica se aplica à Inteligência Artificial. Ela traz riscos, dilemas e desconfortos, mas também abre oportunidades sem precedentes para aprendizado, saúde, produtividade, inclusão e criação de valor.


2. O que a IA representa na prática


A Inteligência Artificial é um campo da ciência da computação que cria sistemas capazes de executar tarefas típicas da inteligência humana: aprender com experiências, reconhecer padrões, tomar decisões, compreender e gerar linguagem, resolver problemas complexos.


Dentro desse universo, os modelos de linguagem de grande porte (LLMs) assumem protagonismo. São sistemas treinados com volumes maciços de dados textuais, capazes de:


  • compreender contexto;

  • aprender com poucos exemplos;

  • generalizar para múltiplas tarefas sem necessidade de retreinamento específico.


Ferramentas como ChatGPT, Gemini, Claude, Manus e outras estão cada vez mais presentes no dia a dia de profissionais e empresas, apoiando desde a elaboração de textos e apresentações até a simulação de cenários, análise de dados e automação de processos.


3. A janela de oportunidade está se fechando


A velocidade de evolução da IA é tão acelerada que a adaptação se tornou uma corrida contra o tempo. Organizações que “esperarem para ver” tendem a ser ultrapassadas por concorrentes mais ágeis, mais ousados e mais preparados para redesenhar seus processos.


Os principais obstáculos não são, em geral, tecnológicos — são humanos:


  • Medo da substituição e perda de relevância;

  • Falta de compreensão sobre como a IA funciona;

  • Desconforto em alterar processos consolidados;

  • Insegurança em relação à confiabilidade dos sistemas;

  • Escassez de habilidades especializadas.


Cabe à liderança criar segurança psicológica para que pessoas e equipes possam experimentar, aprender e errar com responsabilidade, sem paralisia pelo medo.


4. O líder como usuário diário de IA


Na era da Inteligência Artificial, não basta “patrocinar projetos” ou “aprovar investimentos”. O líder precisa ser usuário ativo de IA no dia a dia.


Essa prática serve a vários propósitos:


  • desenvolve repertório real, e não apenas discurso;

  • gera confiança gradual na tecnologia, a partir da experiência;

  • cria condições para liderar pelo exemplo, e não apenas por decretos;

  • fortalece a legitimidade para conduzir a transformação dentro da organização.


A liderança que não usa IA corre o risco de falar sobre transformação digital sem, de fato, participar dela. Em contrapartida, líderes que usam IA para escrever, pesquisar, estruturar decisões, desenhar cenários e revisar processos tornam-se referência viva de inovação para suas equipes.


5. Repensar processos — não apenas cortar custos


O verdadeiro potencial da IA não está em reduzir cabeças, e sim em reconfigurar o trabalho. O foco deve sair do discurso de “substituição” e migrar para a ideia de colaboração humano-IA, em três grandes frentes:


  1. Automatizar o que é repetitivo

    Processos operacionais, rotineiros, de baixo valor analítico podem ser parcialmente ou totalmente automatizados, liberando pessoas para tarefas mais estratégicas.

  2. Aumentar o julgamento humano

    Em decisões complexas, a IA pode atuar como analisadora de cenários, identificadora de padrões, simuladora de alternativas — ampliando a qualidade do julgamento humano, não o substituindo.

  3. Criar novos modelos de negócio

    A IA permite hiperpersonalização de serviços, oferta de soluções sob medida, criação de produtos digitais, integração de dados em ecossistemas e novas formas de capturar valor.


Mais do que ferramenta passiva, a IA deve ser tratada como “membro flexível” da equipe, com papéis definidos: recomendadora, analista, conselheira técnica, sintetizadora, entre outros.


6. Competências indispensáveis na liderança


A IA, por si só, não entrega valor. O que produz transformação é o desenvolvimento de competências na liderança. Entre as mais relevantes:


  • Curiosidade ativa – disposição genuína para experimentar e aprender;

  • Visão sistêmica – capacidade de enxergar processos, não apenas tarefas isoladas;

  • Maturidade ética – discernir usos responsáveis da tecnologia;

  • Letramento em dados – entender, ainda que em nível executivo, como dados são gerados, tratados e utilizados;

  • Adaptabilidade cultural – conduzir mudanças de mentalidade, linguagem e práticas;

  • Orientação para aprendizado contínuo – aceitar que não haverá “estado final” de domínio, mas uma jornada permanente.


TI não consegue “fazer sozinho”. A intersecção entre áreas de negócio, tecnologia, pessoas e cultura é o verdadeiro laboratório de inovação com IA.


7. Riscos que o líder não pode ignorar


Com grande poder tecnológico vêm novos dilemas éticos e responsabilidades ampliadas. Alguns riscos exigem atenção direta da liderança:


  • Responsabilidade legal

    Até que ponto a organização pode delegar decisões à IA? Quem responde por erros com impacto material ou humano?

  • Vieses algorítmicos

    Sistemas treinados com dados enviesados podem reforçar preconceitos, discriminar perfis e distorcer decisões.

  • Segurança cibernética

    A utilização intensiva de IA aumenta a superfície de ataque: dados sensíveis, modelos proprietários, infraestruturas críticas.

  • Impacto sobre trabalho e emprego

    A automatização pode reduzir determinadas funções, exigindo planos de requalificação, mobilidade interna e cuidado com a dignidade das pessoas.


Ao mesmo tempo, a mesma tecnologia pode salvar vidas, otimizar recursos, antecipar crises sanitárias e ampliar liberdades, ou criar sistemas de vigilância e controle social. A diferença não está na IA em si, mas no propósito e no caráter de quem a utiliza.


8. Caráter como bússola na era da IA


A filosofia estoica oferece uma lente poderosa para esse debate:


“O bem reside naquilo que depende de nós.” (Epicteto)

“Viver segundo a razão é o que nos torna humanos.” (Sêneca)

“Você tem poder sobre sua mente — não sobre os eventos externos.” (Marco Aurélio)


O progresso é a estrada.

A inovação é o veículo.

A inteligência é o motor.


Mas é o caráter que define o rumo.


Líderes na era da IA serão avaliados não apenas por resultados, mas por como chegaram a eles: com transparência ou manipulação, com inclusão ou exclusão, com responsabilidade ou negligência.


9. Um caminho possível para a liderança


A transformação não acontece com slogans, mas com ações concretas e progressivas. Um roteiro possível para líderes:


Na vida pessoal e profissional


  • Escolher uma tarefa diária para realizar com apoio de IA;

  • Explorar diferentes ferramentas e comparar resultados;

  • Registrar aprendizados, falhas e boas práticas.


Na organização


  • Criar ambientes seguros para testar e errar;

  • Iniciar projetos-piloto em áreas específicas, com métricas claras;

  • Investir em formação continuada de lideranças e equipes;

  • Medir não só eficiência, mas geração de novo valor e aprendizado organizacional.


Ao longo do tempo, essa abordagem vai consolidando uma cultura de inovação contínua, na qual perguntar “como podemos fazer isso com IA?” se torna tão natural quanto discutir custos ou prazos.


10. A escolha que definirá o futuro


No fim, a questão se resume a uma escolha:


Resistir à mudança

  • processos ultrapassados;

  • perda de relevância;

  • desvantagem competitiva;

  • declínio previsível.


Liderar a transformação

  • agilidade organizacional;

  • vantagem competitiva sustentável;

  • inovação constante;

  • impacto positivo de longo prazo.


Conclusão


A Inteligência Artificial é inevitável.O modo como cada líder irá se posicionar diante dela, não.


Assumir o protagonismo na gestão com IA significa unir conhecimento, coragem e caráter para desenhar um futuro em que a tecnologia seja aliada da dignidade humana, da criação de valor e do desenvolvimento sustentável das organizações.


A IA é o motor.

O conhecimento é o combustível.

Mas é o líder quem define o destino.


Marx Alexandre Corrêa Gabriel

Consultor de Empresas, Diretor da MB Consultoria, Conselheiro de Administração, Pecuarista, Mestre em Administração de Empresas, Pós-graduado em Agronegócio, autor do livro “Direto ao Ponto”. 

Nossas soluções são voltadas para a Gestão Empresarial e a melhoria dos negócios dos clientes, em projetos sustentados pelo desenvolvimento das pessoas, construção de métodos e processos e o desenho de uma arquitetura organizacional eficiente.

Entrega dos produtos digitais de gestão no mesmo dia.

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